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Apresentação

Em 11 de outubro de 1994, o Banco Central sueco conferia o Prêmio em memória de Alfred Nobel de Economia a John Nash, Reinhard Selten e John Harsanyi, “pelas suas análises pioneiras do equilíbrio na teoria dos jogos não cooperativos”. Era o reconhecimento formal da teoria dos jogos como um instrumental importante para a análise de toda uma série de situações de interação estratégica da maior relevância.

Contudo, não apenas atualmente, mas também se olharmos para as origens da Teoria dos Jogos como campo de estudo trata-se de um tema que interessa muito também ao estudioso de Geopolítica e ao formulador de estratégias internacionais. Com efeito, John Neumann, o próprio fundador deste campo de conhecimento com seu livro The Theory of Games and Economic Behavior, publicado em 1944, foi motivado pela sua atuação como assessor do exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial.

Seguiram-se outras premiações nesta área, como a de Thomas Schelling em 2005. Schelling teve como sua maior contribuição o livro The Strategy of Conflict, publicado no auge da Guerra Fria em 1960. Naquela obra Schelling tratava de uma série de questões que preocupavam o governo norte-americano como, por exemplo, a forma de se comunicar e coordenar as decisões quando não há forma de estabelecer comunicações confiáveis. Tratava-se de uma questão da maior importância naquele momento, em que as tensões entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética estavam no auge, e evitar uma guerra termonuclear global era uma necessidade urgente.

No seu livro seguinte, intitulado Arms and Influence (publicado em 1966), Thomas Schelling analisou o papel que as armas e a movimentação militar podem ter como instrumento de barganha diplomática, além do seu papel convencional na guerra, uma vez que o armamento nuclear (em forte expansão desde os anos 1950) poderia ser utilizado como trunfo nas negociações internacionais, como as experiências da crise de Berlim de 1958-1961 e da crise dos mísseis de Cuba de 1962 tinham ilustrado na prática.

Portanto, a Teoria dos Jogos fornece o instrumental básico para a compreensão de relações de natureza geopolítica, na medida em que aplica ferramentas matemáticas a situações de interação estratégica. Situações de interação estratégica são aquelas em que o resultado obtido por cada participante depende das ações dos demais, o que obriga o analista a considerar as relações de interdependência mútua, sob pena de desenvolver uma compreensão superficial e equivocada do seu objeto de estudo.

Objetivos

O objetivo geral deste curso é apresentar os conceitos básicos de Teoria dos Jogos aplicados à análise geopolítica, de forma a habilitar o analista a compreender e avaliar os desdobramentos de processos geopolíticos globais em conflitos e disputas regionais.

Como objetivos específicos, o curso pretende:

• Familiarizar o aluno com situações de interação estratégica.
• Apresentar os conceitos fundamentais de Teoria dos Jogos.
• Apresentar os diferentes tipos de jogos, juntamente com instrumentos para o reconhecimento de que tipo de jogo se adequa a cada situação de conflito geopolítico.
• Habilitar o aluno a perceber como a análise de um jogo, aplicado a uma situação geopolítica, pode sugerir possíveis respostas estratégicas para o conflito ou disputa analisados.