Apresentação

O Médio Oriente e o Norte de África surgem no século XXI como uma das regiões de grandes desafios e ameaças para a segurança e estabilidade no mundo. Se do ponto de vista da geoeconomia se apresenta como a região com as maiores reservas energéticas do mundo, do ponto de vista histórico, além da antiguidade de povoamento e exploração económica, é também uma das regiões mais atribuladas e instáveis, apesar do florescimento de grandes civilizações no seu território. Este, do ponto de vista geoestratégico, por via precisamente da história e da economia e claro da geografia, ocupa uma posição de transição e cruzamento de rotas entre o Oriente e o Ocidente, e vice-versa. A estabilidade na região é essencial para a economia mundial e para o equilíbrio político internacional. O passado histórico colonial e a influência internacional encontram-se bem presentes nas margens levantina e magrebina do mar Mediterrâneo, o que ajudou a definir o xadrez político de uma região, do Atlas ao Irão, onde encontramos um mosaico de povos, línguas, tradições e religiões que nem sempre coabitam de forma harmoniosa.

Se juntarmos a este cenário as tentativas da comunidade internacional, na sua tradição liberal, de apelar a uma ordem mundial democrática baseada no respeito e na igualdade de direitos para todos os cidadãos, surgirá uma das marcas históricas mais definidoras da região desde há cerca de um século: conflitos permanentes, instabilidade, tensão constante. Para além deste modelo, tem-se vindo a observar o conceito de hibridismo nas relações entre a região e o Ocidente, na mira da criação de um novo paradigma nas relações entre actores externos e locais, de modo a aproximar as perspetivas liberais ocidentais e as especificidades regionais para se alcançarem processos de paz em determinadas sociedades ou países. A partir de uma caracterização da região em apreço, na qual englobaremos a Turquia e o Cáucaso, para além de uma definição e contextualização histórico- greográfica (a geografia é extremamente importante), do enquadramento histórico (concretamente dos últimos 100 anos) e religioso do território, proceder-se-á a uma análise geopolítica na actualidade, ou seja, o cenário entre a Guerra Fria e a “Nova Ordem Mundial”.

Será dada um enfoque importante ao fenómeno religioso, em particular ao Islão, dominante nesta região, mas também ao Judaísmo, naturalmente, e aos ritos cristãos que são bastante activos e preponderantes em toda o Médio Oriente. A questão israelo-palestiniana será um dos eixos centrais deste curso, bem como as relações de Israel e os demais estados da região. O fundamentalismo islâmico e as observâncias e respectivos movimentos político-militares (Irmandade Islâmica, Daesh, Al Qaeda, etc) merecerão, neste sentido, uma atenção importante também, bem como as tensões geopolíticas entre as correstes islâmicas. Além de Israel, serão abordados os casos de estudo da Arábia Saudita, Iraque, Irão, Turquia, Egipto e Argélia, sem descurar os demais cenários regionais activos e importantes. A intervenção ocidental, em particular dos EUA (e os seus “erros”) ocupará uma análise estruturante na tentativa de descodificar e interpretar questões e cenários.

Será efectuada uma actualização da bibliografia e fontes, no sentido de se definir uma revisão de literatura que esclareça o estado da questão, a conceptualização própria e a definição do problema em análise.

Objetivos

As grandes questões de fundo a que o curso pretende preparar os estudantes prendem-se com os seguintes tópicos:

• A comunidade internacional deverá manter a sua abordagem política e estratégica no que concerne à actual conjuntura geopolítica e geoeconómica do Médio Oriente e Norte de África?
• É possível e como atingir uma paz sustentável na presença de interesses estratégicos por parte da comunidade internacional, contemplando-se as idiossincrasias regionais, os interesses e aspirações dos povos da região?

 – Objectivos Gerais: conhecer melhor cada um desses países e entender a complexidade das relações que esses países do Oriente Médio mantêm entre si e com a comunidade internacional.

– Objectivos Específicos:

• Conhecer a história, a geografia, as culturas e religiões do Médio Oriente
• Analisar o contexto histórico-geográfico e religioso e associar à evolução geopolítica da região
• Avaliar o enquadramento histórico e geopolítico actual e os vários cenários
• Conhecer e avaliar a geoeconomia da região e a sua importância na escala global
• Avaliar as principais questões geopolíticas actuais no Médio Oriente
• Conhecer a “nova geopolítica” e estratégia ocidental para a região.

Resultados de Aprendizagem

 Após a conclusão do curso, os alunos devem ser capazes de:

• Demonstrar familiaridade e envolvimento crítico com temas em relações internacionais e análise de política externa relevantes para a política regional e internacional do Médio Oriente e Norte de África;
• Demonstrar um bom conhecimento da história da região desde o período colonial e a sua emergência como um sistema de estado moderno na viragem do século XX para o XXI;
• Demonstrar familiaridade com os debates teóricos relevantes e casos empíricos relativos a questões de política regional e internacional do Médio Oriente;
• Reunir evidências empíricas em contribuições orais e escritas baseadas em argumentos

Esperamos que os alunos se sintam inspirados a continuar os seus estudos ou a interessar-se pelo Médio Oriente e Norte de África depois da conclusão do curso.